Confira os sintomas apresentados por viciados em internet
da Folha de S.Paulo
O vício em internet, assim como muitos outros vícios chamados de dependências comportamentais, podem causar danos físicos e emocionais ao portador do problema.
Entre os sintomas físicos, estão incluídos a taquicardia, a sudorese, a secura da boca e as tremedeiras. A longo prazo, a longevidade diante do computador ainda resulta em problemas como comprometimento da postura, lesões por esforço repetitivo, como tendinite, obesidade ou subnutrição, devido a má alimentação, e deformidade na visão, atacada pela luminosidade do monitor.
Do lado psíquico, a incapacidade de concentração, a angústia por estar longe de um computador e o sentimento de impotência estão entre os problemas apresentados. Todas estas características comprometem o indivíduo de diversas formas, como baixo rendimento escolar e profissional, e o sono, por passar madrugadas diante do computador.
"Há casos de dependentes que renegaram a segundo plano a higiene somente para ficar mais tempo na frente de um computador", conta Rosa. 'Mas isso não é comum em casos de viciados em internet', completa a psicóloga.
A tendência é que o vício em internet seja apenas uma ponta do iceberg. E, com o tempo, mais problemas gerados pela tecnologia comecem a aparecer. "Quanto mais presente a tecnologia em nossa vida, mais problemas haverá na relação entre homem e máquina. O vício em internet é só uma das vertentes. O tempo trará mais", diz Erick Itakura, psicólogo da clínica da PUC.
O Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática da PUC preparou um relatório com alguns procedimentos comuns a pessoas viciadas em internet. Tomando por base os casos atendidos desde 1995, alguns adictos apresentam como principais características:
Preocupação
O viciado fica constantemente preocupado com a internet quando está off-line e mal consegue pensar em outra coisa.
Necessidade
O indivíduo tem a necessidade contínua e crescente de utilizar a internet como forma de obter a excitação desejada.
Irritabilidade Quando tentam reduzir seu tempo na internet, o adicto apresenta reação irritada e grande dificuldade de aceitação.
Fuga
Utilização da internet como forma de fugir de problemas, ou de aliviar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade ou depressão é o modo como o viciado se relaciona com ela.
Mentira
O viciado tem o hábito de mentir para familiares e pessoas próximas com o intuito de encobrir a extensão do seu envolvimento com as atividades on-line.
Prejuízos
Com o excesso de tempo na internet, o adicto compromete sua vida social e profissional, evitando compromissos off-line.
Lesões
O uso prolongado do computador causa problemas nas articulações motoras utilizadas na digitação, o que causa lesões por esforços repetitivos (LER).
Apatia
O viciado em internet tem falta de interesse em atividades que sejam realizadas fora da rede ou longe do mundo digital.
Sonho
Sensação de estar vivendo um sonho, durante um período prolongado na internet, é comum no dia-a-dia da pessoa com compulsão ao acesso.
Tempo
Tempo exagerado de conexão, aliado à má qualidade do uso da internet, é uma constante na vida do viciado. A forma da utilização da internet é o elemento determinante para definir se o indivíduo é viciado ou não.
Temas
Os temas abordados normalmente pelo indivíduo são relacionados, de forma direta ou indireta, com a própria internet.
Centros na Ásia tratam viciados em internet com disciplina militar
da BBC Bras
Países asiáticos como China e Coréia do Sul estão criando centros especiais em que disciplina militar e choques elétricos são usados para tratar o que as autoridades locais têm enxergado como um problema cada vez mais sério: o vício em internet.
No recém-inaugurado centro Jump Up Internet School, na Coréia do Sul, jovens são submetidos a exercícios em percursos de obstáculos --no estilo dos usados em treinamentos militares.
Na clínica, é proibido o uso de computadores e só se pode conversar ao celular por no máximo uma hora a cada dia.
Essa é a primeira clínica para vitimas do vício da internet na Coréia do Sul, mas na China já existem oito centros de combate à dependência da web.
A maior e mais importante chama-se Base de Crescimento Psicológico para Adolescentes Chineses e fica em um hospital militar no distrito de Daxing, em Pequim.
Em funcionamento desde 2005, o centro aplica tratamento que inclui, além de exercícios espartanos e psicanálise, uma terapia à base de leves choques elétricos.
"A dependência da internet é tão séria quanto a do álcool, tabaco ou drogas" disse Tao Ran, diretor do centro de Daxin ao jornal estatal China Daily, em setembro.
Tragédias
O tratamento pode parecer duro, mas é uma alternativa levada a sério pelos chineses, frente ao elevado número de usuários viciados e à crescente onda de tragédias associadas ao problema.
De acordo com estatísticas divulgadas pela imprensa oficial, na China existem mais de 113 milhões de internautas, dos quais mais de 2,5 milhões são menores de 18 anos e estão viciados no mundo digital.
Em junho, um adolescente com menos de 16 anos matou a mãe a facadas quando ela se recusou a dar dinheiro para que ele fosse jogar videogame em uma LAN house na cidade de Cantão.
Poucas semanas depois, também em Cantão, um homem de 30 anos morreu de parada cardíaca após passar três dias seguidos jogando pela internet, informou o diário Beijing News.
Em agosto, na cidade de Chengdu, um homem teve a mão decepada pela esposa por não ter cumprido a promessa de que pararia de utilizar compulsivamente a internet para bater papo com outras mulheres.
Combate ao problema
Esses são apenas os casos mais recentes de um problema que assola a China há pelo menos mais de três anos.
Existem inúmeros grupos de estudos voltados especificamente para esse tipo de distúrbio e a Associação Chinesa para Ciência e Tecnologia passou a organizar anualmente uma conferencia voltada para estudar formas de prevenir o vício da internet.
No último encontro, ocorrido há dois meses, uma pesquisa apresentada sugeria que fatores como a vida familiar, desempenho escolar e ambiente social também contribuem para a ocorrência de casos de dependência da internet.
Uma estudo realizado pelo conglomerado de mídia IAC/InterActiveCorp e a rede multinacional de publicidade JWT, e divulgado na semana passada, concluiu que os chineses são mais suscetíveis à dependência da web que os americanos.
Ao todo, 42% dos chineses afirmaram sentirem-se viciados pela rede, contra 12% dos americanos que disseram o mesmo.
O governo chinês tem levado a sério a ameaça da dependência cibernética e tomou providências polêmicas para acabar com o problema.
Em março proibiu a emissão de novas licenças de operação de cibercafés, numa tentativa de restringir o acesso da população à rede e conseqüentemente diminuir os casos de dependência.
A medida, entretanto, foi recebida com ceticismo pela imprensa estrangeira, que a viu como uma possível forma de censura.